Preocupei me pouco com a saída de Matic. Principalmente porque o sérvio era já em si o rosto da adaptabilidade e transformação. O rosto do "se não for ele, há de aparecer outro". O Manel como foi instituído na época passada. Goste-se muito ou pouco do estilo de Jesus é inegável a sua capacidade de trabalhar jogadores e regenerar equipas. Aliás, é nessas situações limite em que se vê mais "Jesus".
Recordar o verão de 2012 é confirmar esta ideia. Quando tudo parece fácil é mais difícil focar no que eram Enzo e Matic por esses meses e no pânico que se instalou após a venda repentina e sob o apito final do miolo da equipa. Objectivamente a bola resume-se a resultados desportivos, e as opções da direcção são validadas pelos golos e vitórias, mesmo quando seja complicado identificar uma estratégia racional para condução do clube.
Jesus tem sido a peça chave neste processo, conseguindo curiosamente ser ele próprio o criador dos argumentos da sua crítica. Com o passar do tempo tudo parece fácil com Enzo; com Coentrão até qualquer um; como é que não se ganha com um jogador como o Matic; e a sorte que ele teve quando a direcção lhe deu Javi.
Mais uma vez a direcção põe o treinador à prova, esticando a corda com uma sangria de proporções épicas, a tender para o catastrófico. O argumento BES é válido, mas questionáveis são as opções que nos encaminharam até esta dependência capaz de ruir o trabalho feito estes últimos anos. Fica claro no entanto que do ponto de vista do investidor apresentamos segurança e credibilidade, tendo em poucos meses demonstrado capacidade em gerar dezenas (centenas?) de milhões de euros com os activos desportivos actuais. Paradoxalmente, fica igualmente claro, que nem tudo é muito claro, sendo a venda de Garay uma das negociações mais ridículas dos últimos anos, por muito que o presidente tente pintar o cenário. O pacote formação é outra situação dúbia, tanto pelas opções de empréstimo, como pela contradição entre discurso da direcção e os seus actos. Não é possível seguir este rumo conscientemente e ao mesmo tempo afirmar que mais cedo ou mais tarde a equipa técnica terá ter outro modus operandi. Principalmente quando esta capacidade regeneradora tem sido o principal factor na validação e sustentação das opções mais ou menos acertadas da direcção.
Mais do que a sequência de jogos sem vitórias na pré-epoca, preocupante são estas contradições de discurso dentro da estrutura resultando numa sucessão de recados entre presidente e treinador. Se por um lado podemos acusar a direcção de um desfalque irresponsável no plantel - e não nos iludamos, não entrará ninguém de peso, se não não andaríamos a vender - por outro não nos podemos deixar levar pelas lamurias de Jesus. Mesmo com maior dificuldade, a exigência mantém-se, e dentro do plantel existe ainda um grupo que transitou da época passada, com processos assimilados e capacidade para fundar uma equipa sólida, com uma postura competitiva de imediato nestas primeiras jornadas.
Independentemente do desnorte estratégico na gestão do plantel, a manutenção da equipa técnica e dos seus processos é ainda um trunfo bastante desconsiderado pela comunicação social. Fica no entanto claro que este ano não há glória para Vieira. Se no ano passado foi quem deu a cara pela manutenção do treinador, este ano o fracasso será todo seu. A glória, inevitavelmente será de Jesus.
15 agosto 2014
16 abril 2014
31 março 2014
Braga
Gato escaldado de água fria tem medo. Assim ao longe, esta parece ser a divisa que substituiu o E Pluribus Unum do simbolo. São papoilas pragmáticas, cantaria hoje Luís Piçarra.
As rápidas trocas de bola no início de jogo iludiram-me. Que jogaço que aí vinha. A equipa a bom ritmo, a chuva parou, futebol à tarde - andas-me a habituar mal Benfica. Um crescendo constante até ao golo e a variação táctica da moda. O 4-4-2 água na fervura. E nós, na bancada ou no sofá, a sofrer de esquizofrenia. No mesmo lance desejei que a equipa segurasse, que atacasse, que protegesse, que rematasse, que abrandasse, que humilhasse. Dasse. Que ganhasse, pronto.
Jogo terminado, mais um risco na tabela. Faltam duas e meia.
As rápidas trocas de bola no início de jogo iludiram-me. Que jogaço que aí vinha. A equipa a bom ritmo, a chuva parou, futebol à tarde - andas-me a habituar mal Benfica. Um crescendo constante até ao golo e a variação táctica da moda. O 4-4-2 água na fervura. E nós, na bancada ou no sofá, a sofrer de esquizofrenia. No mesmo lance desejei que a equipa segurasse, que atacasse, que protegesse, que rematasse, que abrandasse, que humilhasse. Dasse. Que ganhasse, pronto.
Jogo terminado, mais um risco na tabela. Faltam duas e meia.
27 março 2014
Porto
Tudo o que se passou ontem só fará sentido se vencermos em Braga.
À passagem do Douro tomavam-se as decisões. Lima no banco. Artur na baliza. Cardozo para a frente. A Mística em casa. Fica a mensagem para as massas. Independentemente de tudo, o importante é continuar a vencer no campeonato. Entram em campo com isso em mente, sem seis dos habituais, e com uma boa dose de apatia.
O jogo desenrola-se com um golo cedo. A equipa dobra como já não dobrava há alguns tempos, mas não quebra. Talvez por ter já começado quebrada. A bola estranha agora estas rotinas. A equipa crescera para outro modelo onde Cardozo parece menor. Voltamos com uma dupla de peito feito frente ao trio portista no meio campo. Desta vez sem a dimensão de Matic ou de Enzo, agrava-se a ausência do apoio alternado de Lima ou Rodrigo. A partida decorre, a equipa pouco desenvolve.
Sou um espelho da equipa. Aborreço-me no sofá e exigo mais. Exigo que joguem mais, que ganhem. Exigo que rodem os jogadores. Exigo que joguem sempre os melhores. Exigo dois golos no último minuto. "Ao menos ninguém está com medo", dizem-me ao lado. De facto o medo deu lugar à indiferença. A equipa revela uma serenidade que toca várias vezes na falta de concentração. Os erros sucedem-se. A técnica e a tomada de decisão não estão nos seus dias. Provavelmente em casa a fazer companhia à Mistíca.
Do outro lado uma equipa em esforço, empenhada em resolver a eliminatória o quanto antes. Do outro lado uma equipa a passo que por pouco trás o empate. O meu "eu masoquista" encontra algum conforto nisso. "Antes indiferença que medo", penso eu. E fica a ideia na cabeça que, mesmo trazendo um resultado negativo para Lisboa, está tudo em aberto. Ao alcance da equipa. Basta querer.
Tudo isto fará sentido quando vencermos em Braga, tento convencer-me.
À passagem do Douro tomavam-se as decisões. Lima no banco. Artur na baliza. Cardozo para a frente. A Mística em casa. Fica a mensagem para as massas. Independentemente de tudo, o importante é continuar a vencer no campeonato. Entram em campo com isso em mente, sem seis dos habituais, e com uma boa dose de apatia.
O jogo desenrola-se com um golo cedo. A equipa dobra como já não dobrava há alguns tempos, mas não quebra. Talvez por ter já começado quebrada. A bola estranha agora estas rotinas. A equipa crescera para outro modelo onde Cardozo parece menor. Voltamos com uma dupla de peito feito frente ao trio portista no meio campo. Desta vez sem a dimensão de Matic ou de Enzo, agrava-se a ausência do apoio alternado de Lima ou Rodrigo. A partida decorre, a equipa pouco desenvolve.
Sou um espelho da equipa. Aborreço-me no sofá e exigo mais. Exigo que joguem mais, que ganhem. Exigo que rodem os jogadores. Exigo que joguem sempre os melhores. Exigo dois golos no último minuto. "Ao menos ninguém está com medo", dizem-me ao lado. De facto o medo deu lugar à indiferença. A equipa revela uma serenidade que toca várias vezes na falta de concentração. Os erros sucedem-se. A técnica e a tomada de decisão não estão nos seus dias. Provavelmente em casa a fazer companhia à Mistíca.
Do outro lado uma equipa em esforço, empenhada em resolver a eliminatória o quanto antes. Do outro lado uma equipa a passo que por pouco trás o empate. O meu "eu masoquista" encontra algum conforto nisso. "Antes indiferença que medo", penso eu. E fica a ideia na cabeça que, mesmo trazendo um resultado negativo para Lisboa, está tudo em aberto. Ao alcance da equipa. Basta querer.
Tudo isto fará sentido quando vencermos em Braga, tento convencer-me.
10 janeiro 2014
Sobre Eusébio
Sobre o homem que se tornou símbolo. Sobre o jogador que se tornou mito. Uma das grandes lendas da cultura popular portuguesa. O homem desapareceria mais cedo ou mais tarde, mas o seu legado, esse é eterno. Ficam as memórias dos seus golos, mas sobretudo ficam as memórias do seu espírito. Lutador, humilde, ambicioso, vencedor. Ícone de um clube, este fica mais pobre agora, mas inversamente mais forte. Viva o Eusébio! Viva o Benfica!
Faço minhas as incríveis palavras de Bernardo Silva.
"Dizem que morreu o REI EUSÉBIO. Como se isso fosse possível."
Faço minhas as incríveis palavras de Bernardo Silva.
"Dizem que morreu o REI EUSÉBIO. Como se isso fosse possível."
03 dezembro 2013
Meias Verdades
O boato é um lugar comum nas redes sociais. A viralidade das notícias adultera-as. Quem conta um conto acrescenta um ponto, transformando-se proporcionalmente à medida que se propaga. A não-notícia passa a notícia. A mentira passa a verdade. A suspeita passa a certeza.
Num contexto de rede social pouco surpreende. Cada um manda o seu bitaite nesta tasca virtual, vendo as coisas com os seus óculos de eleição. É normal e aplica-se em qualquer um. Não surpreende igualmente ver o Record a levantar a suspeita de que Jorge Jesus esteve no balneário no intervalo. Um pequeno vídeo de telemóvel mostra o treinador a regressar ao camarote. Onde poderá ter ido? - questiona o anónimo jornalista às 10 da manhã. Foi fumar um cigarro. Foi à casa-de-banho. Foi comprar chicletes. Foi ao autocarro procurar trocos. Foi confirmar se Paulo Fonseca era ainda treinador. Tudo, menos ao balneário.
Isto porque se tivesse, já todos saberíamos, e teríamos sido poupados deste jornalismo de meias-verdades.
Num contexto de rede social pouco surpreende. Cada um manda o seu bitaite nesta tasca virtual, vendo as coisas com os seus óculos de eleição. É normal e aplica-se em qualquer um. Não surpreende igualmente ver o Record a levantar a suspeita de que Jorge Jesus esteve no balneário no intervalo. Um pequeno vídeo de telemóvel mostra o treinador a regressar ao camarote. Onde poderá ter ido? - questiona o anónimo jornalista às 10 da manhã. Foi fumar um cigarro. Foi à casa-de-banho. Foi comprar chicletes. Foi ao autocarro procurar trocos. Foi confirmar se Paulo Fonseca era ainda treinador. Tudo, menos ao balneário.
Isto porque se tivesse, já todos saberíamos, e teríamos sido poupados deste jornalismo de meias-verdades.
11 novembro 2013
Golo do ano
Nem tudo vai mal quando a FIFA nomeia um dos golos da tua equipa como um dos melhor do ano, e ainda consegues achar que não escolheram o melhor.
Não deixem de votar aqui.
Não deixem de votar aqui.
Subscrever:
Mensagens (Atom)