11 agosto 2012

B de Benfica



Hoje na Luz dá-se oficialmente início aos miúdos da B. Depois de uma experiência em escalões mais baixos há uns anos, e de um teste com equipa de reservas "à lá british", eis o ano zero de um modelo testado em Espanha.

Felizmente não nos atiramos de cabeça na ideia tresloucada de fazer deste grupo embrionário uma segunda linha da equipa principal. Montar um plantel com 20 jogadores e esperar que haja sempre soluções nos miúdos é de um nível de romantismo só visto na obra de Garret, ou nos ideais ofensivos de Jesus. O treinador, não o profeta. O Barça faz isso, mas o Barça também faz muita coisa que gosto que não surgiu da noite para o dia.

De Espanha temos dois exemplos. O Barça, mais estruturado, tem o modelo idílico desde muito tempo. No ano passado brilharam Cuenca e Tello. No anterior apareceu o Alcântara. Juntando-se a nomes como Pedro, Bojan, Busquets, Messi, Iniesta, Valdés, Xavi, Puyol, Peña, Pep... Por ai fora, em décadas de experiência. O Real com outra filosofia não mostra a mesma cadência, sendo de qualquer das formas um caso de sucesso, apesar de em moldes distintos. Com alguns nomes que singraram como Callejón, Arbeloa, Casillas, Guti, Raul, e outros que são potenciados para posteriormente serem emprestados ou vendidos como Javi, Rodrigo, Negredo ou Joselu.

Hoje começa essa nova fase, que até momento não se assumiu mais do que uma experiência. As indicações são positivas, os adeptos estão entusiasmados com o modelo, a equipa está em sintonia com o que se trabalha na principal, tendo já a Segunda Liga uma exposição e competitividade interessante para a miudagem.

O sucesso deste modelo vai passar pela ligação que se conseguir estabelecer com a equipa principal. Barça e Real apostam muitas vezes nos B em jogos já resolvidos, inclusive na Champions. Esta ilusão de apesar de jogar num escalão secundário estar próximo de integrar o grupo principal é fundamental. Cancelo é o primeiro exemplo, uma espécie de aposta fictícia de baixo risco, já que em toda a sua carreira Maxi raramente se lesionou ou foi castigado. Funciona contudo como um estimulo para o grupo que vê nesta primeira experiência sénior um espaço para evoluir muito próximo da equipa. Duvido no entanto do sucesso dos casos inversos em que jogadores contratados para o plantel principal são postos a rodar num escalão secundário.

Terá que existir a consciência que esta experiência é acima de tudo um escalão adicional na formação. Com isso terá que existir a paciência para compreender que este grupo rege-se por diferentes paradigmas e que muitas vezes o resultado final do jogo não será o factor a ser valorizado. Que seja o inicio de um passo importante para o Benfica e para o futebol português em geral, e que quem não consiga brilhar no Benfica que brilhe à sua escala noutros campos.

Boa sorte a todos!